Príncipe Mecânico,
de Cassandra Clare,
editora Galera Record.
Em Príncipe Mecânico voltamos a Londres do século 19 com o desenrolar das descobertas do livro anterior. Encontramos uma Tessa confusa quanto a sua identidade e os acontecimentos passados em Anjo Mecânico, e o início de uma amizade com Jem. Nos deparamos também com o passado de Will, e com Charlotte tendo que encarar as consequências do ataque ao Instituto de Londres e sendo pressionada por Bennedict Lightwood. Quanto a Jessamine, ela ficará frente a frente com suas escolhas e seu ódio pelos Caçadores. Mais mistérios rondam Londres, e o Magistrado está cada vez mais forte, aumentando o desafio para os Caçadores de Sombras.
Cassandra Clare é uma das minhas escritoras favoritas, e Instrumentos Mortais, uma das minhas séries favoritas, e foi com toda a expectativa do mundo que li Anjo Mecânico. Foi incrível como ela conseguiu superá-la. Então, nem preciso dizer que já cheguei em Príncipe Mecânico, completamente apaixonada pelo universo dos caçadores de Londres.
Com um tom ainda mais sombrio e chuvoso (como a Londres vitoriana), esse segundo volume consegue se sair ainda melhor que o primeiro. Tem seu foco no sentimental, e menos na ação, é bem trabalhado em seus detalhes, o que deixa no leitor a necessidade de uma maior atenção ao que está sendo falado. E tudo graças a primorosa escrita de titia Cassandra, que tem o dom de nos teletransportar para dentro de seus livros.
Nele, vemos uma Tessa ainda mais bem posicionada em sua posição de protagonista, e com todas as dúvidas sobre sua origem e sobre quem realmente é, e sobre o que Mortmain pretende com ela. Vemos um destaque maior para Jem, com sua luta para sobreviver e sua relação com Tessa e com seu parabatai. Will é o personagem mais complexo, e ao descobrir os seus segredos, o motivo de sua frieza, sempre fazendo tudo para afastar a todos, ficamos ainda mais apaixonados conectados a ele. Um triângulo amoroso tão fechado, que ficamos tão confusos quanto a protagonista.
Magnus Bane, um dos personagens presente em ambas a séries (e amado também), vem para somar e sua relação com Will é inusitada, mas muito bem-vinda. Há uma evolução também para Charlotte e Henry. Eu achei eles mais próximos dos leitores do que em Anjo Mecânico.
Quanto ao Magistrado e os autômatos, a história não poderia ter sido melhor desenvolvida. Uma guerra iminente se aproxima e deixa tudo em clima tenso, com segredos sendo revelados, e mais surgindo, os caçadores ficam com seu emocional a flor da pele. Traições, suspense, medo. Tudo intrínseco nos personagens, ditando as suas ações.
Achei impressionante o ritmo do livro, que mesmo sem tanta ação quanto o primeiro, não ficou parado em nenhum momento. Alternando entre o suspense dos autômatos, os nervos e o medo de Will e Charlotte, a aproximação de Tessa e Jem, os Lightwoods e novos mistérios, o leitor fica vidrado na mitologia criada em As Peças Infernais.
Ao terminar fiquei estática, com o coração na mão e lágrimas escorrendo pelo rosto, tentando absorver toda a tensão que o livro proporciona do início ao fim. E que fim! Cassandra Clare mostra mais uma vez como matar os leitores do coração. Isso mesmo, se você leu Cidade dos Ossos, e quase teve uma parada cardíaca com aquele final, prepare-se pois você vai passar o mesmo em Príncipe Mecânico. Agora se você não leu, não há desculpas para você. Leia já, mas tenha a certeza: Cassandra Clare sabe mesmo como nos fazer sofrer.
Titia Má.